sábado, 4 de maio de 2013

...a gente fica !


Eu pensei que com você seria diferente. E não me entenda mal, mas é que eu sempre me senti um pouco sozinho nessa vida. As pessoas têm uma certa tendência a me deixar quando eu mais preciso delas. Ou simplesmente, vão atrás de outros sorrisos, outros abraços, outros olhares. Teve aquele meu cachorro, Billy. Quando ele chegou em casa, foi uma alegria sem fim. Eu amava cuidar dele, dar carinho, dar comida, dar banho, limpar a sujeira. E mesmo assim, Billy gostava mais da minha mãe do que de mim. E tudo bem, porque eu também gosto mais da minha mãe do que qualquer outra pessoa deste mundo. Também teve aquela minha tia Maria. Lembro que eu era o único sobrinho que a respeitava, que era educado e que fazia tudo de certo e de melhor para agrada-lá. E por algum motivo, ela gostava mais dos meus primos que faltavam dar na cara dela. E ela deixou isso bem claro quando me disse uma das coisas que eu jamais vou esquecer: “Eles podem ter todos os defeitos do mundo, mas ainda assim, eu gosto mais deles do que de você”. Confesso que fiquei um pouco triste. Um pouco triste do tipo que chorei a noite inteira. Mas passou. E não posso esquecer daquela minha namorada de infância, meu primeiro amor, meu primeiro beijo, minha primeira dor. Ela me mandava cartinhas escrito “teu sorriso é tão lindo, imagino como será o teu beijo”, e eu era tão ingênuo, que além de sorrir, retrucava dizendo “obrigado, o seu também”. O seu também o que? O sorriso, o beijo? Não fazia sentido algum. Mas eu sempre fui desses que fica nervoso em momentos de pressão. A gente fez promessas de amor eterno, foi eterno até que um dia os meus pais resolveram se separar, e tudo bem também, porque eles brigavam mais que cão e gato. Mas meu pai resolveu ir embora pra muito longe de mim. E por algum motivo, não identificado, você achou que esse seria o momento perfeito para terminar comigo. Eu senti uma dor mortal, um aperto no peito que estrondava até os dedinhos do pé. E mesmo assim, superei, sobrevivi. Eu fui mais sozinho e independente do que o mundo permite ser. E é por isso que eu pensei que com você seria diferente, e no começo foi. Ou parecia ser, não sei mais. Fiquei do seu lado até quando você disse para eu me afastar. Senti a sua dor, mesmo não tendo nada haver com os motivos dela. Lembra? Eu fiquei do seu lado até quando a sua gata Debbie morreu. E você manchava o meu peito com lágrimas, eu te abraçava, você colocava a cabeça no meu ombro, e me perguntava “por que você sempre fica do meu lado?” e eu sorri, sem graça, dizendo “porque é isso que a gente faz quando ama alguém.”. Mas não foi o que você fez. Alguns meses depois, o tio Bill, que eu tinha como um segundo pai, ficou muito doente. Uma semana depois, você terminou comigo e disse que não queria me ver na sua frente nem pintado de ouro. E uma semana mais tarde, ele venho a falecer. Eu fiquei tão triste e desanimado, que por pouco não vou ao enterro. Quando cheguei lá, senti uma dor demasiada, olhei ao redor, e vi que todos os meus primos, tios ou seja lá quem for. Estavam acompanhados por alguém. Seja amiga, namorada, esposa. E eu olhei ao meu lado, e percebi que eu, eu não tinha ninguém. Ninguém para encostar a cabeça no ombro e chorar, ninguém para abraçar e me acalmar, ninguém para dizer que vai ficar tudo bem. Eu não tinha você. E me senti sozinho de novo. E por mais que o mundo diga que não estou só, o meu coração se sente dessa forma. Eu pensei que você seria diferente. Não porque eu queria que estivesse do meu lado quando eu mais precisava, não porque eu fiz isso por você, não porque tivesse me devendo alguma coisa. Mas porque é isso que a gente faz quando ama alguém. A gente fica.
Allax Garcia.

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